Corpo e mente são partes de um todo indissociáveis - parece óbvio, não?

 

Os  avanços na medicina fragmentaram o corpo humano em diversas subespecialidades, o que foi ótimo por um lado, permitindo o tratamento e cura de inúmeras doenças, levando a um aumento da nossa expectativa de vida, porém,  ao mesmo tempo, criou uma lacuna de conhecimento na formação médica que conecte todos esses novos saberes.

 

Se sofre de esquecimentos procure um neurologista, para dor no peito consulte um cardiologista, para obesidade um endocrinologista… a lista de sintomas poderia ser muito maior. Todos os dias atendo pessoas que são acompanhadas por 5 especialistas ou mais, rotineiramente.

 

Quando analisamos sintomas de forma isolada reduzimos as chances de encontrar a verdadeira raiz do problema, que, no exemplo acima, poderia ser o caso de um transtorno de ansiedade, onde sintomas de ordem psicológica refletem diretamente na saúde física do indivíduo.

 

Portanto, é evidente que o sofrimento físico pode ter origem em um sintoma emocional ou o contrário e, após 10 anos de formada, entendo que a residência de clínica médica foi essencial para um olhar diferenciado na psiquiatria, o que me permite enxergar com clareza as ligações entre esses dois eixos.

 

O sucesso de um tratamento médico, sobretudo na psiquiatria, vai além do conhecimento médico científico e de medicamentos, ele exige que você participe ativamente desse processo e não espere que o problema magicamente desapareça, mantendo os mesmo hábitos e comportamentos que contribuíram para o seu adoecimento. 

 

Doenças psiquiátricas altamente incapacitantes e relacionadas à alterações genéticas existem e, nestes casos, as medicações são indispensáveis para a estabilização do quadro e prevenção de desfechos trágicos. Porém, é comum que  quadros psiquiátricos de menor gravidade sejam abordados de modo superficial ao depositar-se toda a expectativa de melhora sobre um remédio.

 

A medicina hoje está voltada para a cura de doenças, mas a verdadeira saúde está em prevenir o adoecimento. Poder integrar  conhecimentos em psiquiatria e clínica médica me ajudou a proporcionar um cuidado integral e resolutivo aos meus pacientes.